Em 08 de dezembro de 1993 foi divulgado, de forma sigilosa, correspondência a um grupo de empresários que acordaram atuar em Brasília mais forte e organizadamente em defesa de seus interesses na Revisão Constitucional em curso.
Diziam alguns trechos da correspondência: “Como deve ser de seu conhecimento, o setor empresarial, indústria, comércio, transportes, bancos, área rural e agrícola, em reunião realizada na FIESP/CNI, em 01/10 decidiu unificar seus posicionamentos e trabalhar de forma coordenada na revisão constitucional. …Tal decisão foi tomada com o objetivo de evitar o ocorrido na Constituinte onde cada segmento empresarial, de forma desarticulada, defendeu seus interesses específicos, permitindo que o resultado final não atendesse à classe empresarial e às necessidades do País.”
O método de ação escolhido foi formar uma Secretaria Técnica – uma verdadeira organização de guerra, de complexa estrutura, contando com Conselho Político (Presidentes das empresas), Comitê Executivo (staff operacional) e Núcleos de Intelligentsia, Comunicação, Operação, Logística, Redação e Grupos de apoio setoriais. Este fato foi levado pela Petrobras ao conhecimento público e do Congresso.
No escopo dos trabalhos da Secretaria Técnica tiveram destaque: o mapeamento de congressistas para receberem atenção diferenciada para votarem a favor das reformas; disponibilização para os empresários de respostas prontas para possíveis perguntas de jornalistas e para uso em entrevistas; mobilização de amplos recursos como se infere do volumoso trabalho decidido.
Não alcançaram sucesso na Revisão constitucional completada em 1994, face forte reação no Congresso e mobilização dos técnicos e gerentes das estatais em esclarecimentos à sociedade, aos congressistas e aos governos, federal e estaduais.
Entretanto, essa ação organizada do setor privado, aliada à censura estabelecida no ano seguinte contra os agentes públicos e empregados de estatais, proibidos que foram de praticar quaisquer atos em defesa do patrimônio da União, logrou os resultados pretendidos. Em 1995 e 1996 conseguiram dar início mais efetivo ao desmonte do Estado, com eliminação de monopólios e amplo processo de privatização de estatais com pagamento em parte por moedas podres.
O documento a seguir ajuda a compreender os movimentos históricos da Petrobras nos anos de 1993 e 1994, bem como o Tema 3 “Desmonte da Petrobras, legal e legitimo ou não?” e suas Partes, publicados neste Site, que traz à luz que o desmonte final em curso, ao que se sabe, se faz sem reação equivalente das estatais.