No mundo real, Bolhas Antagônicas podem se eternizar em colisões, mas não se fragmentando nem alterando sua essência. Uma restrição para todos! (Este quadro foi criado por iA, chatgpt.com)

NÓS ESTAMOS LIVRES OU SENDO APRISIONADOS EM BOLHAS?

Manfredo Rosa
Sociólogo, engenheiro, escritor

Se me xingarem de nazista, fascista, comunista, ximango, maragato, genocida, “esquerdopata”, extrema esquerda, saquarema, luzia, xiita, jacobino, “patriotário”, extrema direita, centro, conservador, liberal, “isentão” e assemelhados surtirá o mesmo efeito, alcançará a mesma aplicabilidade e reação que resultaria se dirigissem outros “impropérios” como, visigodo, “carcamano”, agressões à genitora e congêneres.

Sendo assim, correndo por fora de todas essas raias, sinto que posso alegar alguma neutralidade axiológica e esperar não ser alvo de suspeitas ao tecer os presentes comentários. É o seguinte.

“Na guerra, a verdade é a primeira vítima”. Esta frase costuma ser atribuída a Ésquilo, que viveu no século VI, antes de Cristo. Fantástico. Prova que faz já muito tempo que notamos esta tão triste realidade. E está aí, à vontade, nesse infindável rosário de entreveros mundo afora dos dias atuais, exposta em didáticas aulas práticas, de como a fidedignidade e a lisura inexistem no império da conflagração. Todos de acordo. Podemos saltar essa parte.

Eis que me veio a ideia da generalização da citada máxima: a verdade é sequestrada em todos os tipos de conflito. De fato, o refrão pode ser transposto para os embates políticos, as disputas de poder, para a concorrência econômica, comercial, aos espaços no mundo do emprego etc. Os exemplos existem aos milhares e, portanto, também não é necessário maior delonga aqui.


O que pretendo é generalizar mais ainda: não é somente a verdade que é colocada para escanteio, mas também, a coerência, o bom senso, a racionalidade. Nas muitas disputas e confrontos do dia a dia, cada um tem assumido posição radical, sectária, com dificuldade, se não impossibilidade de revisão de posição. Então, assim cristalizados nos seus valores e crenças, bem como na sua percepção e consciência de vida, e por vezes faltando com a verdade, atacam o “adversário” acusando-o de falhas e erros. Cada um somente vê a trave no olho do outro. Contudo, não enxerga, ou não quer enxergar, que no mesmo preciso instante no qual ele identifica um desvio acolá, no mesmo tempo, ele também, ou seus pares estão incorrendo na mesma disfunção. Muitos hoje são incapazes de debater porque, ou nunca foram expostos a pontos de vista opostos, ou consideram abordagens diferentes simplesmente como fossem heresias a serem enfrentadas com protestos ou ataques histéricos. Contudo, nessas horas refletir seria preciso.

Nesse terreno desnivelado, dos posicionamentos inflexíveis, não são poucos os que procuraram se afastar, evitando a discussão frontal. Muitas pessoas, cordialmente, conversam sobre os diversos assuntos triviais do perpassar da vida, mas respeitam a fronteira interditada do espaço onde seriam trocadas ideias sobre assuntos “escorregadios”. Difícil imaginar o tamanho do impacto negativo social desta perda.

Em notória comprovação dessa incoerência interna, estão por aí os exemplos, graças à avalanche de artigos, reportagens, manchetes, declarações, mensagens etc. disponíveis, com facilidade, em todos os meios de comunicação e interação humana. Não é preciso retirar alguns desse imenso tsunami para corroborar a assertiva. E se a pessoa não quiser ver, tampouco adiantaria explicitá-los.

E então, será que nosso destino deve ser a vida aprisionada em bolhas?””

Posted by Brasil 2049

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